sábado, 29 de dezembro de 2007

O Grande Ditador

Esse vídeo uma colega (Juliana, nossa veterana na FABICO) deixou como recado em seu Orkut. São as cenas finais de "O Grande Ditador", filme falado de 1940.

Achei interessante - não lembrava dessa passagem do filme, afinal eu o vi quando ainda criança, talvez há um quarto de século atrás... Por essa e outras Hollywood começou a acumular mágoas com Chaplin. Assista, e tire suas próprias conclusões...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Oblíquos e Dissimulados

Seguindo a mesma linha da postagem anterior, segue um texto escrito por mim para a cadeira de COMUNICAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA I sob a proposta de desenvolver uma descrição.
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Oblíquos e Dissimulados

Se Machado de Assis a tivesse conhecido, com certeza poderia dizer que fora sua inspiração para Capitu. Olhar de cigana oblíqua e dissimulada parece ter sido escrito especialmente para ela. Seu olhar esconde suas verdadeiras intenções, não há como saber o que ela pensa ou como irá agir. Ao mesmo tempo em que esconde, seu olhar também diz tudo. Perder-se no meio daquela cor azul como o céu não é difícil, e corre-se o risco de não conseguir retornar ao mundo real. Enigmático, profundo, sedutor. Foi assim que ela me conquistou, com uma olhada de canto, sugerindo malícia. Não precisei mais do que esse olhar para cair aos seus pés. Hipnotizou-me.

Foi entrando no bar que a vi. Lá estava ela, sentada no balcão, bebendo uma taça de vinho e proferindo a todos aquele olhar, como se soubesse todo o poder que ele contém. Na verdade, ela sabia. Sempre soube. Por isso o utilizava com tanta segurança, com tanto vigor, ciente de que arrebataria qualquer homem são inserido naquele ambiente social. E comigo não foi diferente. Ao parar frente à porta, escolhendo um lugar para me sentar, ela cruza seu olhar rapidamente com o meu, que estava desatento e disperso. Instantaneamente, ele parou e fixou-se onde ela estava. Percebendo que me conquistara, virou o rosto e apenas olhou-me mais uma vez, agora de canto, esboçando um sorriso em seus lábios, como se satisfeita com o que acabara de provocar. Não resisti e fui conversar com ela. Sentei-me ao seu lado e disparei, um tanto quanto atordoado, um “oi”, confuso e engasgado. Ela nada disse, apenas me olhou – o que bastou para que meu encanto por ela crescesse ainda mais. Dessa vez seu olhar esboçava dissimulação, fingia com astúcia que era indiferente a minha presença e isso me instigou ainda mais. Fiquei a admirá-la, enquanto ela se ocultava. Eu sabia que ela gostava de me ver assim, irresistivelmente atraído, e ela sabia que eu sabia.

Deu um último gole no vinho, largou a taça sobre o balcão e levantou-se. Seguiu reto até a porta, ignorando a minha existência completamente. Senti-me perdido; será assim? Nunca mais verei aquelas personificações de cachoeiras de águas azuis cristalinas, nos quais me afoguei ao longo desse encontro? Antes de cruzar a saída, ela lança um último e fatídico olhar. Um olhar malicioso, pedante, certeiro. Seus olhos enigmáticos ficam a me olhar por alguns segundos, até que ela se vira e vai embora. Através do vidro, consigo ainda ver seu esboço e imaginar aquele mesmo sorriso com que me olhou a primeira vez.

Nunca mais a vi, mas aquele olhar permanece na minha mente, instigando-me, atordoando-me. Releio Dom Casmurro a fim de imaginá-la em Capitu e busco, assim, um refúgio nos meus devaneios a respeito daqueles dois olhos que pareciam refletir o céu sem sol, sem nada, só o mais lírico e transbordado mar límpido de sensações que eu já havia navegado.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A Primeira Turma

Este texto que publico aqui foi minha última produção da disciplina de COMUNICAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA I, orientado pela professora Daniela Favero Netto. É um texto em narrativa, fictício, e o objetivo proposto é desenvolver a narração descrevendo um grupo de pessoas. Segue o texto *:

A primeira turma

Segundo dia de aula do Juliano, e estamos, eu e ele, um tanto apreensivos. Até então o mundo social pra ele eram apenas nosso lar, a casa da babá e os passeios à praça próxima ao nosso apartamento. Na escolinha as coisas são diferentes, explico-lhe; temos que respeitar os colegas e a professora, e algumas regras criadas para facilitar o convívio dessas diferentes realidades. Como de costume no período de adaptação, tenho que esperar por perto até que tenhamos certeza de que ele se incorporará àquele ambiente diferente. Mas crianças são seres realmente fascinantes.

Enquanto aguardo em algum lugar onde Juliano não perceba minha presença, observo o comportamento de alguns dos colegas da escolinha. Apesar de diferentes, há algumas características comuns a esses pequenos. A curiosidade é evidente em cada gesto, em cada olhar, em todos. Deparar-se com um objeto novo é motivo suficiente para esquecer a tarefa que desempenhava, a fim de dedicarem-se à exploração dessa nova possibilidade, afinal de contas há muitas novidades sempre. Quando percebo, sinto alguém me cutucar as pernas. Um pequenino, de uns quatro anos, pergunta meu nome; pele negra, cabelos encaracolados, olhar vivaz e atento, encanto-me com aquele menino curioso e observador. Respondi à sua questão, ao que ele saiu rindo-se de orgulho, correndo para comentar com os demais colegas. Aquela inquisição parecia uma espécie de passaporte para o grupo, pois logo convidaram meu filho para participar da reunião informal que ocorria na “mesa I, de inteligente” (me relatou depois um dos novos colegas). Impossível conter minha fascinação ao observar o comportamento daquelas crianças, que àquele ponto já apresentavam a sala a meu filho. Enquanto aguardava, percebi a mudança de comportamento de Juliano que, apesar de pouco acostumado com outras crianças, apresentava uma desenvoltura então desconhecida por mim. Era notável a segurança que demonstrava, a forma como impunha respeito a si, sem ser rude com os outros. Aquele comportamento me surpreendeu de tal forma que nem percebi o cenário que simultaneamente se desenhava.

Expressão aborrecida, braços cruzados, olhar “enviesado” denotava alguma inconformidade daquela menina, cuja beleza física não combinava com sua conduta anti-social; não tardou e, conversando com a orientadora da turminha, descobri a fonte do desagrado daquele anjinho de carne e osso: ela também estava em fase de adaptação, e agora as atenções não se voltavam exclusivamente para ela, dividindo-se os colegas em agradar a ambos, ao Juliano e à menininha. Chamava-se Mariana, e já freqüentava a escolinha há cerca de uma semana, motivo pelo qual seus pais não estavam observando-a. Pois o que vi me surpreendeu ainda mais: Juliano, apesar de toda a novidade que representava aquele dia, percebeu a inconformidade da menina, e perguntou aos novos colegas quem era, e porque estava triste. Aquelas perguntas desencadearam na turma uma preocupação que não estava mais presente entre eles, de agradar a já não mais nova coleguinha. De repente as atenções voltaram-se novamente para aquela menininha. Meu amiguinho negro começou a fazer peraltices, como caretas; outra garotinha, de olhar doce como uma amêndoa e tão negro como seus longos cabelos, veio oferecer sua bonequinha, e Mariana se refez. Seguiu-se uma sucessão de palhaçadas de Juliano, objetivando desentristecer aquela que mais tarde tornaria-se sua inseparável amiga. Trabalharam todos juntos, em uma demonstração de altruísmo, solidariedade e cooperação.

Lembrei-me de minha infância, da candura de comer uma maria-mole, da doçura de uma afago da “tia”, do convívio enriquecedor com os colegas, de meu “melhor amigo” ou da minha primeira paixão que não pelos chocolates de páscoa. Lembrei disso, e pensei que não seria muito diferente com meu filho. Percebi que, naquele dia, eu estava ainda mais ansioso que ele, e minha ansiedade estava evitando as novas experiências de meu pimpolho, além de bloquear boa parte de minhas lembranças. Eles não sabiam, mas não desentristeceram somente a nova e emburrada coleguinha. Desentristeceram também um velho pai, que na correria e no stress das obrigações diárias esqueceu-se da alegria de ser puro e cristalino como a água que brota da nascente, que ainda não carrega as agruras de serpentear pelas encostas, lavando seu leito e levando consigo a vida, mas também muitas impurezas que turvam sua aparência. Lembrei-me, e assim revivi a alegria de ser, simplesmente, criança.

* atualizado em 15/12/2007, 2:31. LSR

sábado, 10 de novembro de 2007

Parabéns, bixarada 2007/2

É isso aí, pessoal! Tá criado o blog da turma 2007/2 da FABICO! Dia 23 vamos bebemorar (em alto estilo) este lançamento, na Festa de Recepção dos Veteranos a nós, calouros! E viva a FABICO, grande comunidade de pensadores e... jogadores de sinuca, futebol e... truco, é claro!

São todos benvindos, esperamos pela participação da comunidade fabicana, e tão logo estejamos cadastrados, estaremos divulgando nossas idéias por este canal.

Até breve. As próximas postagens serão ilustrações do processo de criação, e de alguns modelos que selecionei para avaliação dos blogueiros. O modelo atual foi o que mais gostei, mas temos que decidir isso no coletivo.